quarta-feira, 1 de setembro de 2010

The world.


O meu amigo foi conhecer o mundo e chegou a achar isto pequeno.
E eu que sempre achei que isto era pequeno, que tinha de me ir embora porque isto não me chegava, passei nos últimos anos achar isto cada vez mais normal.

Sinto que o vou perder muito em breve, mas sinto-o mais feliz e realizado do que algum dia senti na vida. Há muitos anos ele era igual a nós, assim que começou a trabalhar distinguiu-se, eu achei que ele ia entrar no comboio...que depois do emprego e da casa de sonho, vinha a mulher e os filhos. Os carros, as viagens típicas em hotéis de 5*, os almoços de Domingo, as férias na neve, os seus fatos sempre Armani e Boss...
Enganei-me. Percebi isso na primeira vez que ele me disse que se queria ir embora, mas achei que era um sonho dele, que a mudança exigida ia ser tanta que ele ia acabar por não a fazer (tal como eu). Enganei-me. Esta viagem, que eu neste momento me arrependo de não ter ido com ele como tinha dito no ano passado que iria, mudou tudo. Num mês...ele veio a achar isto mediano e sensaborão, pouco...

Os planos são altos, o que era há um mês o maior desejo se sempre, deixou se ser. O amor que se sentia simplesmente passou a não ser isso tudo, passou a ser limitativo e incomodativo...acabou portanto (a meu ver, claro)! A V. costuma dizer que nem todos temos que ser os melhores, nem todos temos de ir viver para Londres ou para NY, nem todos temos de fazer um MBA, nem todos...

Pergunto-me quando é que eu deixei de achar que podia fazer tudo o que quisesse? Eu sei que tenho responsabilidades acrescidas que muitas pessoas não tem, mas sei que há uns anos atrás isso não me pararia. Neste momento sinto que me tenho escondido atrás disso para contornar a verdade da preguiça que me assola e dos reais motivos pelos quais eu até não me queria ir embora. Convenci-me que afinal não era isso que eu queria, que tinha sonhos novos, que por um motivo maior eu era capaz de ficar, por um amor maior eu queria entrar no comboio e ter uma vida "perfeita" igual à do meu pai.
O problema de chegarmos ao final da linha é que isso desaparece, e quando ouvi o meu amigo a falar hoje senti o peso das minhas escolhas erradas, o peso dos enganos e da dependencia de sonhos. Mas afinal, todas as escolhas dependem de sonho, eu simplesmente juntei o útil ao agradável e pensei que ia ser feliz assim...é pouco! É muito pouco. Ou eu sinto que é pouco. Na verdade, neste momento sinto que não é nada...

E ficou aqui uma semente. E não há nada mais perigoso do que uma ideia a germinar.
Tenho o mundo inteiro à minha espera, e nada que me prenda (que eu não possa trazer comigo se quiser, pelo menos)...A questão que agora se põem é...o que é que eu quero?
Esperar por outro comboio, ou mudar completamente de linha e de sentido?

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