Vou dizer uma vez em voz alta: não há nada de bonito na morte.
Se é para morrer que seja rápido, indolor. Este definhar dia apos dia, mês apos mês, ano apos ano, é uma tortura...ao mesmo tempo, é tempo. É mais tempo.
Faremos o que tivermos de fazer, e aceitaremos de cara medianamente alegre as cartas que a vida nos dá.
A minha mãe está a morrer. Eu devo e quero ir visita-la e aproveitar os últimos momentos possíveis com ela. Ninguém sabe se será ou não a ultima vez.
Ao mesmo tempo, não me apetece presenciar o desgaste do corpo e da mente. A perda de faculdades, o sorriso que tenho de por na cara apesar da situação me magoar visceralmente.
Mas é aceitar. Faz-se o que tem de ser feito.
É pegar num café e sentar-me ao lado dela, a fazer a conversa que dá. Levar doces, presentes e fotos dos miúdos, e ouvir. É sentar-me no carro depois. Chorar se tiver que ser, antes de chegar a casa e ser abençoada com crianças felizes, a transbordar de açúcar e presentes.
A vida nem sempre é como queremos que ela seja. E está tudo bem.
Não quer dizer que não doa, nem que seja fácil. Mas é o que é.