"Pega no telefone e liga para o escritório, diz-lhes que não vou, conta-lhes que me perdi de amores. Enquanto ligas, eu volto a aninhar-me entre os lençóis brancos e espero que voltes, espero que me envolvas de novo, num abraço apertado, sincero. Hoje não, diz-lhes que me perdi de amores e ainda estou à procura de chão firme para que pare de levitar alguns metros acima do chão. Volta para a cama para que parem os ponteiros dos relógios, para que se suspenda a vida na cidade, as ruas se esvaziem e o silêncio entre aqui, onde seremos mais nós, para nos perdermos em conversas sem sentido, sentidas, vamos trocar palavras bonitas e fazer amor enquanto o sol passa de nascente para poente. Liga para o escritório e diz-lhes que o médico me receitou repouso para que o coração se aguente, que na receita indecifrável está escrito que a cura passa por horas de gargalhadas e afectos. Hoje não. Pega no telefone e liga para o escritório…"
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