Começo assim porque hoje, durante a minha agradável viagem pelo transito, lembrei-me de uma expressão que li num livro (ou reli neste caso) e que gostava de partilhar.
Portanto...gosto de ler! E leio um bocadinho de tudo desde a bula dos medicamentos, passando pelas revistas de moda (Vogueeeee) até aos livros de papel vegetal com letrinha 10. Ler eleva-me, faz-me estar 4m acima do chão, faz-me acreditar em outras realidades e sair de mim, viver outras vidas, outras historias, ver as coisas de uma perspectiva diferente, ter outros ponto de vista e crescer!
De entre os livros que eu já li, houve uns que me marcaram de uma maneira ou de outra, não necessariamente pela extrema qualidade literária aceite pelos críticos (uhhh... ou lês Saramago ou não és ninguem na vida!!), mas porque me tocaram de alguma maneira! Destes posso destacar dois, de uma autora que certamente todos conhecem - Margarida Rebelo Pinto - "Diário da tua ausência" e "Alma de pássaro".
A razão de gostar do primeiro (e apesar de não o ter voltado a ler e provavelmente nunca mais o ir fazer) é simples, também eu tenho um diário com esse nome e é sempre bom saber que, nem que seja em ficção, outras pessoas sentem as coisas como nós sentimos!
O segundo é uma versão mais novela, menos dolorosa e com mais personagens do que o primeiro. Mas no final, ambos falam de ausência... o que não tem nada a ver com o titulo do post!!
Esta minha mania da divagação, quero falar de um assunto e mete-se tudo pelo meio!! Enfim...
Isto tudo para explicar que no livro "Alma de pássaro" a Margarida faz um comentário (que de momento já não sei citar com precisão) sobre o verbo aceitar. Qualquer coisa como "aceitar" ser o verbo mais difícil que se pode conjugar...o que não é de todo mentira! - Chegamos finalmente ao titulo...heheheh
Aceitar que há coisas que não pudemos mudar;
Aceitar que há coisas muito injustas;
Aceitar que a pessoa A, B ou C simplesmente não se importa;
Aceitar que não há razão para certas doenças (ou para certos defeitos);
Aceitar que a culpa não é nossa, há coisas que acontecem mesmo quando não fazemos nada;
Aceitar que há pessoas que tem de partir, mesmo que doa mais que tudo;
Aceitar que há pessoas que não querem ficar;
Aceitar que nem sempre lutar, refilar, revoltar é a solução;
Aceitar a dor como parte do crescimento;
Aceitar que há coisas que não valem a pena;
Aceitar que por vezes é mesmo melhor assim;
Aceitar que faz tudo parte da experiência;
Aceitar, aceitar, aceitar...e resignar logo de seguida! E depois a calma...
A calma que certos adultos têm perante a vida, perante as coisas más que não podem ser mudadas. "Não podes fazer nada, portanto o que é que vais fazer agora para melhorar?" by meu pai - Dito muitas e muitas vezes, quando o problema é maior que eu e só ele me consegue acalmar!
E falo em adultos porque é difícil ver um adolescente a reagir com calma e serenidade sobre qualquer assunto, só com o crescimento é que este verbo se manifesta! Talvez seja por isso que eu ainda me considere uma criança, porque resignar-me em vez de lutar, acalmar-me em ver de me revoltar, continua a ser muito complicado!
Não consigo perceber a aceitação sobre coisas que me parecem injustas e incrivelmente más. Não faz sentido ver pessoas que eu gosto a irem-se embora, quando eu quero que elas fiquem. É estúpido sentar-me e esperar que passe, ignorar e não dizer nada, aceitar o inaceitavel.
Talvez seja por isso que dizem que eu falo demais, que expresso demasiado os meus sentimentos ("Tens mesmo que dizer sempre que dizer aquilo que estas a sentir, não tens?"), que luto mesmo quando já sei que a luta é inglória, que tento melhorar as pessoas de quem gosto, que não me resigno com "nãos" e "é impossível", que acho que enquanto gostar as coisas valem sempre a pena e enquanto houver paixão não é preciso mais nada...where there's a will there's a way!!
Mas ser assim magoa, desilude, desaponta, cria instabilidade, irrita e revolta. E por isso tenho tentado aceitar mais, compreender melhor, levar as coisas com mais calma e resignação...crescer no fundo! E até tenho conseguido, umas vezes melhor que outras!
Como eu mesma costumo dizer muitas e muitas vezes (citando certamente alguém que já não sei quem) - I was young and stupid, now I'm older and wiser! Um brinde a isso...
P.S: Eu gosto de Saramago, mas não exclusivamente!
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