quarta-feira, 8 de junho de 2011

Criatividade #7

Há 9 meses atrás não achei que fosse possível isto acontecer.
Parece que afinal nunca pensamos que pode acontecer connosco, mas pode...
Tenho 17 anos, uma menina no colo (eu, eu que sempre te disse que só queria rapazes), e devia sentir-me arrependida e culpada, como se o mundo me fosse cair em cima...afinal, estraguei a minha vida! Mas, por mais que eu olhe para baixo cada vez que os meus pais me recriminam, ou que os teus me chamam irresponsável (claro que tu não és, sou só eu!), a verdade é que eu não me sinto minimamente arrependida.
Olho para ela e só te vejo a ti, como é que me podia arrepender?
Claro que se eu pudesse escolher, não tinha escolhido assim, não nesta idade, não desta maneira. Se pudesse escolher tinha pensado, tinha ponderado, tinha até evitado...mas eu não pude escolher. Foi inevitável. Foi uma força superior a mim, uma frase seguida de um gesto, que derivou noutro e noutro...uma cadeia inquebrável e infinita, em que o meu cérebro se inundou completamente de tudo, de ti, de imagens, de palavras... Não se consegue parar a agua depois de se abrir a comporta da barragem. É impossível.

Ela dorme atrás de mim enquanto eu te escrevo isto. Respira devagar. É tão incrivelmente bonita.

Na escola chamaram-me nomes feios, disseram que eu era isto e aquilo, pintaram de preto e castanho coisas que para mim são laranjas e amarelas. Nunca respondi às provocações.
Seria impossível de explicar que não é nada disso que eles dizem, que onde eles vêem uma miúda de 17 anos grávida de alguém que nem sequer é namorado dela, eu vejo um acto de amor impensado, com uma consequencia demasiado grave. Na mesma...não me arrependo.

Não faço ideia como vamos ser nós daqui para a frente. Não sei sequer sei, se há nós...mas na verdade, nada disso importa. Eu tenho um filho teu e não me importo. Por mais absurdo que isso possa parecer, não me importo com o que me chamam, com o difícil que a minha vida vai ser, com o futuro...
Talvez eu não veja as coisas como as outras pessoas vêem, talvez a realidade seja outra, completamente diferente. Talvez eu mude de ideias e te odeie um dia. Talvez tu pares de cuidar de mim e deixemos de ser o que somos hoje, talvez o mundo se vire ao contrário por causa deste bebé... mas a realidade, a minha realidade agora é mais bonita, e tu nunca me desiludiste.
Mas, mais uma vez, talvez eu seja apenas uma criança de 17 anos.

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