Por estes dias já não me sai tão frequentemente e quando sai normalmente nem é com tom depreciativo, é mais numa de risada divertida do "és tão gajo".
Hoje que penso nisso, pergunto-me o que é que mudou?
Eu já não acho que os homens são todos iguais, que nos vão todos enganar e trair, magoar até mais não e brincar com os nossos sentimentos só porque podem (porque diz que as mulheres quando gostam aceitam coisas inaceitáveis!). Acho sim, e vou continuar a achar certas coisas como:
a) um homem irá sempre virar a cabeça quando vir umas maminhas a sair fora de uma camisa (mesmo que essas não sejam as da respectiva),
b) os homens, senão todos, mas a maioria gostam de porno,
c) têm bastante mais dificuldades em manterem-se concentrados da presença de uma mulher bonita, do que nós na mesma situação (apesar de eu não ser exemplo neste caso),
d) pensam em sexo 459876 mil vezes por dia,
e) são mais egoístas, pensam menos no bem estar dos outros em geral (independentemente de gostarem muito ou não),
f) prendem-se menos com detalhes.
E quem diz isto, diz outras coisas, não é dito da minha parte em tom depreciativo (nem perto disso), é assim, como o céu é azul ou as mulheres tendencialmente gostam de fazer compras, partilhar cusquices e discutir cores de vernizes. Não é bom nem mau, é diferente. Somos diferentes e diferentes é bom (óptimo em alguns casos)
Acho que os grandes problemas que apontamos aos homens (aqueles que eu disse acima do enganar, trair e magoar), não são exclusivos dos homens, mas sim das pessoas enquanto pessoas. São falhas de carácter que nós mulheres tendemos a ver nos homens porque nas nossas amigas é “desculpável”, é um “erro de percurso” e foi sem querer (claro que aquelas vacas que nós não gostamos e fazem isso, devem ir para uma ilha deserta só com bilhete de ida…óbvio).
A minha questão aqui são os problemas de carácter, e esses são independentes de género. Olho à minha volta neste momento e vejo desculpas esfarrapadas, manipulações baratas, hipocrisia até mais não, mentiras porque “te ia magoar se contasse”, deslealdade…acima de tudo deslealdade de pessoas que supostamente gostam muito de nós. E eu não sei se toda gente vê isto como eu, mas uma pessoa que gosta muito de mim chega ao pé de mim e diz-me “conheci uma pessoa na semana passada e quero ficar com ela”, mesmo que saiba que me vai magoar até não poder mais. Não interessa, diz-me na mesma, exactamente porque gosta muito de mim (mesmo que não goste como eu quero). Da mesma maneira que com certeza espera de mim um “estou ai daqui a 20minutos” quando tudo corre mal.
Eu não sei se os exemplos estão confusos, mas o que eu quero dizer é, a informação necessária de passar em qualquer tipo de relação* é aquela que vai deixar o outro na presença de todos os elementos necessários para ele decidir se quer ficar connosco ou não. E por vezes nem interessa qual é a informação, se ela é relevante, ou se há ou não “obrigatoriedade” de a dar, interessa a lealdade com a pessoa que está ali, que gosta de nós, se preocupa e merece saber as coisas de uma maneira mais directa ou menos directa, não interessa, desde que saiba. E se a pessoa mesmo assim ficar e quiser continuar, ninguém pode dizer nada nem apontar nada, é do género “eu sei, quero na mesma e vou ficar aqui”.
Para mim isso é gostar, é gostar a valer. É o respeitar a pessoa e dizer-lhe as coisas todas como elas são mesmo sabendo que a pode perder e é o ouvir as coisas, saber o pior do outro e mesmo assim querer ficar (ou não dependendo da situação). É dar a escolha consciente ao outro, respeita-lo o suficiente para lhe contar sempre a verdade. A falta de lealdade, qualquer que seja a justificação é uma falha de carácter, e é uma falha grave.
* mesmo relações não definidas como amizades coloridas, não-coloridas, semi-colorida, ex-recaidas, pseudos vamos voltar, amigos da queca, etc.
Gostei muito deste post... E acho que que tens toda a razão... Lealdade acima de tudo...
ResponderEliminar