Há alturas em que achamos que não conseguimos viver sem determinada pessoa. Não vamos respirar se ela desaparecer. O medo da perda é tão grande, mas tão grande que transportamos a pessoa nas mãos cuidadosamente, como se fosse uma bola de cristal.
E depois há o dia em que nos cansamos, porque o peso já é muito, e vistas bem as coisas a pessoa nem fez grande coisa para estar ali, e mandamos com a bola para o chão só para ver se se parte. Até já queremos que parta só para nos libertamos da pressão que é o cuidado constante e a dedicação e o amor. Odioso.
E nem sempre parte à primeira, e voltamos a segurar, ufaa...não partiu, não vamos repetir a brincadeira. Pega outra vez com as luvinhas de lã e mais um bocado de frustração, porque o cristal que deveria ficar mais suave com o tempo, e mais leve, continua pesado como chumbo.
Desespero. E empurramos tantas vezes para o chão até se partir de vez, só porque já não aguentamos mais!
Quando há cacos por todo lado andamos em cima deles, ferimos os pés e sangramos, doí, mas ao mesmo tempo estamos leves porque não vamos ter mais de empurrar o peso do amor às costas, sozinhos. Acreditem em mim quando digo: se for pesado, tão pesado que se torna impossível de arrastar, é porque o estão a carregar sozinhos. O amor a dois tem de ser mais leve, nem que seja pela partilha!
Depois começamos a colar os bocados da bola, porque não faz sentido andar tudo pelo chão e já nos magoamos o suficiente. O ideal é colar tudo e por a um canto, como um brinquedo antigo que gostamos muito e se estragou.
Então junta-se as peças, não se guarda rancores, e coloca-se a bola o mais longe possível. Longe da vista, longe do coração. Não queremos voltar a sentir o seu peso a esmagar-nos o peito. Não mesmo!!
Uma vez por outra pegamos-lhe novamente, só para ter a certeza que ainda está pesada e porque não conseguimos evitar. Admitirmos que nos enganámos, que não era assim, que apostamos mais uma vez na pessoa errada, custa. Custa tanto que queríamos provar a nós mesmo que se calhar até dá...mas não! Quando percebemos que continua na mesma, com o mesmo peso de sempre pousamos outra vez no chão e seguimos para outro lado.
The thing is, assim que percebemos que conseguimos viver sem ela (sem aquela pessoa), que respiramos e que os dias, por maior que seja a dor, não param, nada volta a ser como antes.
Podemos dizer e fazer o que quisermos, no meu caso até magoar a pessoa (eu tenho créditos!), se ela se for embora, não é nada de novo, nada mais irá doer como já doeu! E isso é um encolher de ombros gigante a tudo o que nos possam fazer a partir de determinada altura. O amor esse, provavelmente desaparece com o tempo, com o peso que foi e já não é, com a desilusão e com o facto de as coisas não mudarem. Pegar na bola continua a ser useless and disappointing, como sempre foi. Só que agora já não custa.
Lindo, continua a postar porque adoro o que escreves. Sem te conhecer admiro-te, porque passo pelo mesmo pesadelo que tu todos os dias. Sê forte B. que eu daqui tb tento sê-lo..
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beijinho
é difícil chegar à fase do "encolher de ombros" mas conseguimos. E mais vale para por ali do que perder mais tempo *
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