A minha casa está tão ou mais desarrumada que eu. Só consigo olhar para as coisas espalhadas pelo chão em tom de contemplação. Não consigo arrumar. Não consigo voltar a por tudo no sitio, não me apetece.
Sei, porém, que as coisas melhoram assim que voltam a estar arrumadas, assim que volta tudo para os seus sítios, reina a paz. Sei que tenho de arrumar, mais cedo ou mais tarde, esquecer-me que isto voltou a ficar assim, como já não estava à não sei quanto tempo...
Se a J. entrasse aqui iria dizer que a minha casa parece a feira de Barcelos. Exactamente como eu me sinto, a feira de Barcelos...levem, está tudo em preço de saldos, desde que não me digam nada, que não me chateiem, levem tudo! Está tudo estragado e velho mesmo. Os mesmos sentimentos de sempre, já estão ruços de tanto que olhei para eles, as lágrimas estão gastas e batidas, e já nem sequer há mais palavras. Está tudo podre e carcomido. Inútil.
É o que é, e eu só queria conseguir arrumar. Mas ainda não foi hoje. Talvez amanha. Amanha.
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