Será que foi isso que se partiu naquela tarde de 16 Janeiro de 2010? A minha crença infinita no amor, estilhaçada e espalhada pelo chão. Morta, acabada.
Pelo menos isso explicará a razão para 1 ano de lágrimas infinitas; todos os dias durante esse ano. Não por ele, como eu já suspeitava, mas pela a parte que se partiu com ele. Pela parte que deixei de acreditar! E pela a parte de mim que morreu nesse dia, eu chorei mais de 1000 lágrimas.
E depois disso decidi caber na forma. Finalmente rendi-me; "um dias vais ter de crescer, um dia vais ter de obedecer às regras", disse-me o meu pai durante anos e anos a fio... e o que ele me disse seria feito. Por ele e por mim. Para me afastar o mais possível da minha mãe, para ser o mais distante dela que pudesse ser, eu entrei na forma e apertei-me a mim mesma. Acolhi cada olhar de aprovação do meu pai, engoli a parte de mim que gritava a cada volta que apertava, e segui em frente. Pelo o unico caminho que achei possível.
E agora este nó no estômago que não me larga. As hipóteses todas em cima da mesa e a incerteza do que é que se passa comigo. A tristeza pelo que me deixei ser, pelo cinismo que me assolou, pelo pragmatismo de quem não acredita mais em magia. O medo que me larga e que a cada passo que me deixa me torna mais forte, mais eu mesma, mais de volta aquela que eu deixei lá atrás, mas melhor. Mais forte. Mais adulta. Mais eu.
E de repente só penso em mim, só me amo a mim, só me quero a mim. Uma certeza crescente dentro dos meus ossos que, em me tendo a mim, tenho tudo, consigo tudo, faço tudo funcionar. Uma confiança que só lia nos livros e nos filmes, que almejava e achei nunca ia alcançar e agora? Agora que o meu pai me deixou de vez e que cada vez o sinto mais longe, sinto que não quero controlar o futuro. Não posso. Não quero mais ter medo, mesmo. E de alguma maneira consegui deixar de olhar para pés da cama e de o ver ali, ao medo. Sentado a minha espera. Já lá não está e com ele gone, só vejo tudo o que pode ser, tudo o que quero, tudo o que mereço...
Continuo às voltas. Mas pelo menos sei o que quero. E isso só por si é uma bênção.
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