Já não me doí o que senti, já não me amarga, já não toca, não sente, não mexe. Já não me lembro da dimensão da dor. Sei que doeu, mas já não sei medir. Sei que passei noites a chorar até adormecer, dias e dias apenas a sobreviver, vegetar, divagar sem rumo, encurralada num amor sem solução ou razão, mas já não sinto nada pelo que senti. Parece um passado distante, e no entanto, ainda há um ano atrás estava onde ninguém quer estar, onde não mais voltarei a estar.
Não digo que não me apaixonarei outra vês, que não sofrerei, que não irá doer, começar, voltar, acontecer. Mas nunca mais ninguém vai ter de mim o que ele teve. Simplesmente porque é absurdo, porque não podes achar que gostas mais de outra pessoa do que de ti mesma, porque não há pessoas perfeitas e não, na realidade não se pode gostar dos defeitos dos outros. É o amor que nos cega, e eu não irei mais viver o amor nesta dimensão. Hei-de viver noutras, mais saudáveis, se calhar até mais intensas...
É estranho não me lembrar da dor, parece que ja nem com conhecimento de causa consigo falar, é como senão tivesse sido eu. Foi outra pessoa que fez o que eu fiz, que amou como eu amei, que quis dar mais do que a sua própria vida para o outro ser feliz (mesmo que ficasse miseravel com isso). Não fui eu. Aquela não era eu, ou melhor, aquela já não sou eu.
E ele diz-me "estás estranha tu", e os outros dizem-me "voces nunca estão juntos agora", e eu digo "quando o amor acaba, acaba-se tudo". E acrescento "Graças a Deus".
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