sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Divagações à Sexta

É sexta-feira, inicio de aulas. Podia ser uma sexta-feira qualquer mas o espírito de férias está quase no fim. Abro o Económico e as conversas do corredor são as mesmas há dois dias...aumento dos impostos.
Não acredito. Não só porque já estou a viver no limite do suportável, mas porque acho impossível recuperar esta economia aumentando os impostos. Até psicologicamente o efeito é nefasto, as pessoas não consomem porque ficam com medo do futuro, as empresas fecham porque não há consumo, o desemprego aumenta, a economia afunda e no final das contas, sem IVA (não há consumo), com menos IRC (dado o fecho das empresas) e IRS (por causa do desemprego), não saímos da cepa torta.
Acredito que a despesa é que tem de diminuir, como diz o Medina Carreira, qualquer dona de casa sabe que quando gastamos mais do que o que recebemos a situação vai chegar a um abismo. Acrescento eu que qualquer dona de casa sabe quando deixar os gastos superfulos e onde atacar em caso de necessidade.
É sentar todos a uma mesa e percorrer todas as rubricas da despesa.
Podemos começar com a corrupção, os amigos dos amigos que recebem luvas e mais luvas. Achava bonito cortar isso, vacas magras é para todos. Cortar salários dos políticos e gestores de topo, ou pelo menos taxar esses com um imposto maior, ou tirar os subsídios de natal e férias.
Seguindo pelas fugas aos impostos, tanta gente no desemprego que dava óptimos fiscais das finanças, não é nada difícil, se não pagas impostos porque recebes o ordenado minimo e tens um Mercedes estacionado à porta de casa, algo está errado. Aproveita-se os fiscais (mais gente empregada) e vai-se ver os subsídios de desemprego, baixas por saúde, e outras. Aumentar a produtividade do pais também é uma boa medida, e se eu trabalho para cima de 40h por semana (mas muito acima) parece-me que todos o devíamos fazer. E não é estar no emprego, é trabalhar! São coisas totalmente diferentes para quem não sabe.
Renovar transportes e outras instituições publicas. E quando digo renovar não é por lá mais dinheiro, é gerir como deve de ser, alocar pessoas que não são precisas num lado, para outro. E sinceramente quero lá saber das greves (outra coisa que na minha opinião e em vários casos devia ser proibido), o governo tem de uma vez por todas fazer o que tem de fazer para deixarmos de ser o pais do chico esperto, do "faço greve porque tenho um fundo que me cobre o salário no final do mês e se transtorno a vida dos outros e diminuo a produtividade geral não quero saber nem me interessa".
Podia continuar com a justiça deste pais, que é uma anedota. E dizendo que realocando recursos como deve de ser tudo correria sobre rodas, mas ninguém faz nada. Roubas um pão vais preso, és corrupto e roubas milhões para ti e para os teus amigos e obrigam a destruir as provas. Faz todo o sentido, faz a sério. Não é só o código do trabalho que tem de melhorar, são os tempos de espera desde que começa um processo até que acaba. 10 anos de processo é uma aberração!! Os juízes tem de ter poder de decisão e o que eles dizem tem de ser cumprido. Não se querem fiar só num juiz, ponham jurados, mudem a lei, mas despachem os processos num tempo que faça sentido. A maioria das pessoas conta com os atrasos da lei para não pagar, para abusar, para fazer o que lhes dá na gana. Ficam impunes e sabem disso.
Educação. Alunos e professores com avaliações. Se os professores não forem bons, os alunos não vão ser. Os professores tem de ter vocação, senão mesmo tendo conhecimentos nunca vão conseguir ensinar nada a ninguém. E já agora, escolas com cursos intermédios... é absurdo o que se paga por um canalizador ou um electricista, profissões tão dignas como outras quaisquer. Não temos de ser todos doutores, e tenho para mim que um bom carpinteiro ganha muito mais do que um advogado.
Podia continuar com a saúde, com as parcerias publico-privadas, com os gastos sabe Deus onde (que os governantes deviam saber), mas isto já vai longo.
Acho absurdo sequer falar-se num aumento de impostos, encolher-se os ombros em sinal de que não se pode fazer nada. Pode-se sempre fazer alguma coisa, não sem (se calhar) chatear os pessoal com dinheiro do país, não sem impor regras que vão fazer muita gente perder dinheiro, mas talvez esteja na hora. Talvez.

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