E depois há aquele dia, em que um e-mail muda tudo.
O dia em que descobrimos que a nossa mãe precisa de alguém que lhe vá cortar as unhas porque ela já não o consegue fazer sozinha.
Esse dia, em que a moeda cai, e tudo o que apetece fazer é ficar sentada a chorar porque é triste. É tudo tão triste.
E depois vem o dia seguinte, em que tentamos ultrapassar isso. Há doenças que são assim mesmo, eu já sabia, toda a gente já sabia, mas em teoria é tudo tão fácil, com os outros é tudo tão fácil, nos filmes é tudo tão fácil.
As contas que faço de cabeça doem-me tanto, que simplesmente não quero pensar nisso. No tempo. Porque o tempo passa, e nem damos por ele. Agora que estou longe ainda menos dou por ele. Vivo semanas, meses na ignorância que está tudo igual, que nada evolui. E depois há este dia, o dia em que tenho de arranjar alguém para ir cortar as unhas a minha mãe.
E as pessoas contam as suas histórias, e riem-se, e tudo continua na mesma como deve ser, mas este momento não passa, as unhas. Nunca tinha pensado sobre isso. É tão simples, faço-o desde que me lembro de ser gente sem qualquer problema. As unhas.
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