Desde sempre que ouço a minha avó dizer esta expressão. Aplica-se normalmente a mulheres que decidiram mandar tudo para o espaço, seguir o coração, a paixão, a tesão, e fazerem só aquilo que querem.
Essas são as Marias-malucas, mulheres que decidem viver a vida delas independente do que tem hoje, seja isso filhos, casamento solido, família aparentemente feliz. A minha avó nunca sequer conseguiu compreender, ou se o fez, consegue disfarça-lo da melhor maneira possível.
Para mim elas sempre foram heroínas, movidas por paixão, por sentimentos, pessoas que decidem sair do comboio a meio, que deixam de querer prestar contas à sociedade em geral e à família em particular, que não fazem questão de manter os sentimentos para elas e as aparências e vão viver.
O que acontece agora é que as minhas opiniões sobre o assunto são mistas, se por um lado acho que temos de ter as rédeas da nossa vida e tentar sempre fazer o que nos faz feliz, por outro a experiência que tenho, é que quando vamos atrás de sonhos, temos uma bruta dor de cabeça e um problema gigante quando acordamos e nos deparamos com a realidade. As Marias-Malucas da minha avó, geralmente acabam sozinhas, arrependidas e amarguradas porque um dia deitaram tudo para o alto por uma paixão que no fim se esvaiu com fumo. E pior, levam atrás delas os filhos, criando no final muito mais mal que bem, em nome de uma coisa que ninguém sabe bem o que é.
Mas temo, porque acontece muito, porque sempre achei que a paixão é que é, e que os sonhos são para ser vividos. Sei o que acontece no final, sei que muito pouca gente (ou mesmo quase ninguém) vive uma paixão para sempre, e temo que algo assim me aconteça daqui a muito anos e que me seja impossível resistir. Sempre achei que seria uma pessoa assim, fora do comboio, a viver pelas minhas regras, a querer sentir sempre mais do que todos, à procura de emoções fortes e de quem me faça tremer as pernas e ansiar por mais. O problema e que agora já não sou assim. Dessa já só tenho pequenos resquícios mas ela teima em voltar de vez em quando, só para me relembrar como fui, o que achei verdade e o que senti a sério. Agora já não é o que quero, mas daqui a muitos anos, como vai ser?
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