Vinha desejar bom natal.
Mais que isso vinha desejar coisas boas. Que isto de desejar um bom natal basicamente é desejar que sejam felizes...cada um há sua maneira, em família ou sozinho com o gato, a ajudar o próprio ou a ajudar-se a si mesmo, em NY em Lisboa ou no Japão...
Sejam felizes. Ser feliz é todos os dias, nos detalhes, nos sorrisos, nos olhares, no sol, numa música, no treino que correu mesmo bem, no projecto que ficou fantástico, na pessoa que vos faz sonhar. Eu sei que este blog não tem andando exactamente um raio de sol intenso, muito pelo contrario, à minha imagem e semelhança tem andando um desastre, de coração partido e sonhos desfeitos, uma catástrofe com pernas, como eu me chamo. Apesar disso, o que posso dizer é que me esforço todos os dias para ter pelo menos um momento de felicidade.
E nem sempre é um esforço fácil, muitas vezes é inútil, porque por mais que o mundo esteja mau, a nossa dor é sempre pior que a dos outros, os nossos sonhos eram sempre os mais bonitos, a nossa pessoa (mesmo quando ela não quer estar aqui) é sempre mais perfeita e devia ficar connosco. Somos humanos, parabéns!
Hoje em conversa com a C. ela disse-me que sempre que sofremos muito por qualquer coisa, encontramos algo melhor em nós. Quando a dor é tão insuportável que se torna quase física, mudamos, crescemos, adaptamos, descobrimos coisas sobre nós, reacções, sentimentos...quando doí também estamos vivos. Só que da pior maneira.
Faz parte. É equilíbrio. Pelas alturas em que fomos tão felizes que levitamos e andamos 10cm acima do chão com caras de parvos, há outras em que é tudo tão negro, num buraco tão fundo que não há saída. Mas há. Não só no Natal, mas todos os dias.
É acordar todos os dias de manha, mesmo de cara inchada de quem chorou metade da noite, e pensar que o sol nasceu hoje (outra vez!) e portanto eu vou estar o melhor que eu conseguir estar. Esquecer as perguntas parvas como, "o que é que eu tenho de errado?", que não levam a nada, e ser feliz.
E se isso for trabalhar 12h por dia, que seja.
E se isso for perceber que por hoje não dá mais e deitar na cama às 20h, que seja.
E se isso for estorricar dinheiro, que seja.
E se isso for meter o pé na argola outra vez, que seja.
E se isso for arranjar um rebound guy, que seja.
E se isso for esforçar-me ao máximo, chegar ao limite, que seja.
E se isso for gritar, chorar e por tudo na mesa, que seja.E se isso for mostrar fraqueza, ser fragil, ser aparentemente pior pessoa, que seja.
Ninguém tem nada a ver com isso. Todos os dias só temos que estar bem.
A vida é curta (tão curta) e é feita de uma sucessão de dias.
Os que estamos no cimo do mundo compensam (mais que compensam) pelos que estamos no fundo do poço. E um dia achamos o equilibrio. E aí vai ser tudo verde. Promess R., promess.
Feliz Natal.
ResponderEliminarE sim, é um processo e mais cedo ou mais tarde, damos a volta. Temos é de acreditar em nós, por mais cliché que seja dizer isso.