sexta-feira, 6 de março de 2015

Sonhos (a blast from the past!)

Creio que não sonhava com ele desde o dia em que percebi que ele se tinha ido mesmo embora, e que não ia voltar. Tinha eu mais ou menos 12 anos.
Mais uma discussão com a minha mãe, um clássico. Mas desta vez parecia a serio! A minha mãe não saia da cama, era como se mais nada existisse (nem eu!) e passaram-se mais de 3 meses assim. Finalmente, depois desse tempo cai em mim e percebi que ele não ia voltar. Tinha sido mais que meu pai (era essa a verdade naquela altura) e tinha-se ido embora sem dizer uma palavra...
Fiz o que sabia fazer melhor e fingi que não sentia nada, não importa, se não quer estar não está. Antes partir que vergar. Sempre fui assim.

Não pensei mais no assunto até ao ano passado, quando a minha mãe voltou a falar com ele. Ahhh, as maravilhas do facebook!! Reagi muito pior do que poderia sequer pensar, o que estava enterrado veio ao de cima e literalmente passei-me, com ela, com ele, com tudo. Ver-me? Como é que ele ousou sequer pensar que me podia ver, 15 anos depois, como se não se tivesse passado nada? Se antigamente comia os sentimentos e me calava, agora vomito-os e, for sure, não me calo!
Depois fui para casa, meditar sobre o assunto e tentar perceber porque é que reagi assim, até fazer sentido, como faz agora.

Hoje sonhei com ele. Real, como os meus sonhos sempre são. Tudo exactamente como hoje, excepto o facto de a minha mãe não ser doente, e ainda morar na casa antiga. Devo ter aceite conversar com ele pelo menos uma vez, não me lembro, só me lembro de lhe dizer que ele não ia fazer com o meu irmão o mesmo que fez comigo...e acordei.

É isso. Mais uma maravilhosa cena da minha infância!
Vou tentar ir intercalando-as com coisas boas, prometo, senão vocês desertam daqui. Mas faz parte do fazer pazes com o passado, falar sobre ele. Há coisas que já não me lembro sequer que me magoaram, mas que quando saem, vem com tanta velocidade que fazem ricochete e é impossível ignora-las.

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