domingo, 27 de março de 2011

As coisas que eu faço à minha mãe


Apareço-lhe em casa tipo barata tonta a andar de um lado para o outro. Em desespero atiro tudo para o ar e digo para ela me dizer o que fazer, que eu faço. Eu filha obediente (ou não), faço o que ela me disser!!


Ela olha-me aflita, há anos que eu não peço ajuda para nada e decido tudo sozinha e bem decidido. Há anos, tantos que já não me lembro quantos, que peço uma pouca orientação e me saiu sempre bem nas decisões e ela confia sempre no meu discernimento para resolver tudo. E de repente, ainda a recuperar da operação, vê-me ali a gastar o tapete de um lado para o outro... Não chegamos a conclusão nenhuma e ela atira um "vai-te embora". A minha própria mãe a dizer para eu ir para longe dela. "Vai para onde achares bem, para longe. Vai para África fazer voluntariado, larga isto tudo e vai".


Não devia deixa-la preocupada ao ponto dela me dizer isto, eu sei que não. Saí de casa quando percebi que não estava a fazer bem nenhum, muito pelo contrario. Pus o meu melhor sorriso, disse para ela não se preocupar que o fritanço já passava. Hoje às 8h da manha (7h na hora antiga) o telefone aqui de casa começa a tocar. Digo um "sim, mãe" ensonado e ela começa a disparatar as preocupações todas que teve a remoer durante a noite, porque isto, porque aquilo, 10.000 soluções para tudo aquilo que eu quisesse, desde uma lobotomia até abrir uma loja de bikinis em Bora-Bora.


Não lhe devia fazer isto. Até porque hoje já está tudo bem, e a ela custa-lhe muito mais esquecer porque depois acha que eu não lhe estou a dizer tudo. Toma as minhas dores e odeia por mim as pessoas que eu não consigo, zanga-se e ensaia tudo o que queria dizer a esses monstros maus que me fazem ficar assim.


Eu não lhe devia mesmo fazer isto.

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