Acordei a pensar no Natal.
Sai de casa para correr e poder chorar em paz durante 40 minutos.
A dor alheia incomoda os outros. Não é por mal, mas faz-los sofrer também.
Então para chorar, mais vale chorar sozinha. Em podendo é o que faço.
Mais do que chorar, é um uivo baixinho, um soluçar em alto. As vezes até com um gemido.
No meio do campo não chateia e ninguém pergunta
Porquê? Porque é que isto aconteceu?
Como? Como é que aconteceu sem que eu pudesse fazer nada?
Não aguento sequer o pensamento de voltar a Lisboa. Sair na rampa do aeroporto e não ter o meu pai cá em baixo a minha espera, é insuportável.
Hoje vai ser assim o dia. A chorar sobre a corrida, o almoço e o meu livro.
Não há palavras, só dor, solidão e uma sensação de abandono.
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