sexta-feira, 29 de maio de 2020

Diagnósticos

Para que é que servem os diagnósticos? Provavelmente para ser mais fácil de aceitar e desculpar.

Eu não cuido de uma mãe que sempre fez o que quis e se teve nas tintas para mim a vida toda, só pensando nela, nos seus desejos e caprichos. Não! Eu cuido de uma mãe doente. Física e mentalmente doente. Trato das contas, garanto que há pessoas suficientes há volta dela para ajudar, mantenho a casa com comida, sou encarregada da educação do meu irmão menor, cuido da saúde dele, da alimentação, da roupa, de andar em cima das companhias e explicar-lhe as "intrinsecancias" da vida. E tudo isso a 1800 km de distancia, de outro pais onde decidi que iria morar longe de tudo e todos para ter alguma paz emocional.

E não faço isso por pena, obrigada, ou porque é a minha mãe. Faço isso porque se eu não cuidar dela ninguém vai cuidar. Faço isso para garantir que o meu irmão também o há-de fazer (as crianças educam-se por exemplo), e para lhe dar a ele as mesmas hipóteses de sucesso que eu tive, porque tinha o meu pai como ancora, pilar absoluto e único na minha vida.

Não cuido todos os dias de cara alegre. Há dias duros, em que tenho 1000 problemas que não são meus para tratar com toda a carga emocional que isso trás. Tratar dos problemas dos outros é inglório, porque não há muito controlo sobre eles. A minha mãe continua a fazer o que quer, e eu nem sempre concordo com ela, apesar de ser a pessoa responsável.

Tenho pensado muito mais sobre o que é que quer dizer o diagnóstico. Depois de o poder antever também para mim, mesmo como hipótese remota, passei a encara-lo de outra maneira. E até certo ponto está a ajudar-me a desculpar algumas coisas.
Acho que o meu pai entendeu muito mais rápido que eu, o que é que o diagnostico da minha mãe queria dizer. Ele olhava para ela com suavidade e carinho, não lhe repreendia os erros, mas repreendia-me a mim quando eu não tinha paciência. Dizia "ela é tua mãe", o que me irritava muitíssimo porque só isso não devia desculpar tudo. E quando ela me magoava mais do que ele conseguia suportar, ele pedia-me desculpa. Desculpa por a ter escolhido para minha mãe (como se as coisas fossem assim tão simples).
Naqueles últimos dias em que estivemos juntos, ele pediu-me desculpa por estar doente. Por mais que uma vez me disse "tens a tua mãe doente e agora também eu estou, desculpa". E eu dizia-lhe que não, não havia nada para desculpar, doenças acontecem. E não havia nenhum outro local onde eu quisesse estar senão naquele hospital ao lado dele.
Olhando de agora vejo como culpei a minha mãe das doenças dela, enquanto que o meu pai nunca teve culpa nenhuma. Ligeiramente dois pesos e duas medidas, pode-se dizer. Mas ele é a minha ancora afinal de contas, sempre foi, e por isso nunca poderia ser culpado de nada.


quarta-feira, 27 de maio de 2020

Mother tiredness

O M. acordou-me 5 vezes! 5 vezes!!!

Para nada, queria um gelado, depois queria carrinhos, depois queria água, depois era a janela que fazia barulho.

A sério. Há noites em que é difícil ser mãe. Mas também acho que depois nos habituamos. 
Estava a pensar na ultima noite completamente descansada, e é difícil de me lembrar. 
Às vezes vai lá o pai, mas eu acordo sempre, mesmo que ligeiramente, portanto acho que dormir bem outra vez, só daqui a pelo menos 6 anos.
E depois é um curto período de tempo até serem adolescentes e lá se vão as noites outra vez.

Ter filhos é do caraças.

terça-feira, 26 de maio de 2020

Summer

A ideia formou-se suavemente e agora tem um corpo.
Estica os limites de trabalhar de casa ao máximo, no sentido em que casa passará a ser noutro país.
Depois disto, já tudo é possível.

Significa passar o Verão, ou parte dele em Portugal. Trabalhar, ao mesmo tempo que estamos com a família. Dar tempo ao M. com os avós, estar com amigos. Tudo sem tirar férias.

Não vejo porque não, mas há toda uma parte burocrática a tratar. Só posso ir se o meu chefe deixar e se os RH autorizarem.
E depois há a parte emocional, será que eu quero passar mais de um mês em Portugal sem o meu pai? Será que consigo? Será que não vai ser uma dor constante? E o facto de não estar na minha casa, vai-me irritar? E se sim, depois não posso fazer nada.

Tantas perguntas sem resposta e ao mesmo tempo uma vontade de não estarmos mais sozinhos aqui. De sentir o calorzinho de ver um filme com as minhas irmãs, passear com o meu irmão, levar o M. a ver os sítios que me fazem feliz...

E o Corona perguntam vocês? Já não quero nem saber, detesto viver com medo. Vamos tomar todas as medidas preventivas ao nosso alcance. Somos conscientes e não nos vamos enfiar na praia ao meio dia no fim de semana, mas mais que isso já não aguento.

Livros 2020

Acabei mais um hoje.

O Somerset Maugham nunca engana. Profundo como só ele sabe ser, acho que escreveu tantos livros por procurar o sentido da vida.
Como se a escrever fosse chegar a alguma conclusão, sem chegar absolutamente a local algum. E a meio do caminho percebeu que o que achamos que queremos, afinal não é bem assim, e que bom mesmo é a viagem.

A vida esta na arte de viver. No fazer o tapete, ás vezes como queremos, ás vezes como dá e outras vezes com enganos que fazem no final parte da obra como se fosse destinados a estar lá.

Foi mais uma vez maravilhoso ler o Somerset. Nem acredito que tenho a colecção inteira dele dentro de uma caixa, há espera da minha biblioteca.

segunda-feira, 25 de maio de 2020

Livros 2020

Estou espantada comigo mesma depois desta contagem.
Estamos em final de Maio e já tenho 7 livros acabados e 2 que estão
a meio.

Este está a ser um bom ano para livros.
[olha eu a ser grateful por qualquer coisa em 2020!]

Chama-se book therapy. E está a ajudar muito.

Livros 2020

Falando em livros que não pedem desculpas. Tova Leigh ladies and gentlement. Ou mais ladies, porque se os gentlement soubessem o que às vezes nos passa pela cabeça, ficariam com os cabelos em pé.
A Tova explica facilmente muitas das coisas que eu passei com a maternidade, muita da pressão imposta (sabe Deus por quem!) e muitos valores com quais fui educada e que me recuso veementemente a aceitar, fazendo da minha vida às vezes um mar de culpa constante e desculpas para ser melhor aceite. Fuck off!
Segui-la constantemente dá-me força para ser mais quem eu sou, no apologies.

Portanto só boas razões para ler o livro.
Se forem assim para o conservador, se acham que uma senhora não diz ou veste alguma coisa, se acharem que mulheres casadas não podem fazer isto ou aquilo ou se simplesmente se preocupam com o que os outros vão pensar, acho que não vale lerem.
Mas se tiverem uma rebelde escondida em vós. Força!
Irão perceber que somos muitas mais do que nos educaram a acreditar que eramos.

domingo, 24 de maio de 2020

Livros 2020

No drama discipline
Leio constantemente livros que (eu espero) me façam entender mais o meu filho e ajudam a levar uma vida mais calma e sem gritos.
Para mim, desde que ele nasceu, isso sempre foi importante. Educar calmamente, dar responsabilidade na medida certa, mimar sempre mas sem estragar.
Por isso desde que soube que estava gravida li imensos livros sobre o tema crianças e educação.
Este ano já acabei este (se bem que foi começado em 2019 ainda). É o livro de seguimento do "the whole-brain child" e tem um livro pratico.
A principal lição que tirei do livro foi que eles muitas vezes, simplesmente não sabem fazer melhor, não conseguem mesmo. Não são adultos! Parece óbvio, mas no meio de uma birra de proporções catastróficas em que falamos e nada acontece, não é.

Ter um filho pode ser fácil, mas educa-lo bem com certeza que não é.

sábado, 23 de maio de 2020

Sonhos

Sonhei com o meu pai hoje, duas vezes, dois sonhos diferentes.

No primeiro tínhamos o tempo que nos foi roubado. Uma cena corriqueira do dia-a-dia, simplesmente ia dar-lhe boleia para ele ir trabalhar. Sabíamos que ele estava doente, mas tínhamos tempo para ir lutando e vivendo.

No segundo ele simplesmente me abraçou. Ele já tinha morrido mas estava sentado comigo num banco, eu dizia-lhe que não estava a aguentar sem ele. E ele abraçava-me, e eu sentia aquele quentinho de sempre, e ele dizia para eu me lembrar deste calor, que ele ia estar sempre aqui.

Quando acordei ainda o sentia. Voltar à realidade a partir dai foi como deixar o vaso cair no chão outra vez. Estilhaçar em 1000 bocadinhos o que momentaneamente tinha estado inteiro.
Escusado será dizer que o meu dia tem sido um buraco sem fundo, em que caiu e continuo a cair sem chegar a lugar algum (tipo Alice). Parece que a morte do meu pai é hoje (ainda mais) intransponível, como se realizasse mais ainda do que ontem que vou ter de viver um vida inteira sem ele. Pela primeira vez hoje pensei mesmo que não vou conseguir aguentar. Que para sempre é demasiado tempo, que o buraco é demasiado fundo, que as forças me faltam às vezes.
Como se hoje fosse mais que ontem, pior que ontem. Como se se repetisse pela primeira vez este sentimento de perda absoluta, infinita. Uma solidão esmagadora, abandono mesmo, um buraco que não pode fechar, porque não existe ninguém para o tapar, substituir.

Mas o dia passou, sentei-me no chão a brincar com o M. e deixei-o tomar conta de mim. Dizer-me o que fazer com os carrinhos, ajudar-me com os puzzles, dar-me xarope a fingir com o seu kit de médico. Viver um momento de cada vez e aguentar só mais este. Arrastar-me neste ano de 2020 e deixar o luto fazer-se como ele quiser. Sem forçar.
Quando acho que não aguento mais a realidade e emocionalmente não consigo gerir mais nada, pego num livro, vejo Friends ou saiu para correr, escapo-me daqui por tempo definido. Uma bolha de oxigénio temporária para poder aguentar mais um dia. Amanhã vai ser melhor.


Livros 2020

The subtle art of not giving a fuck.

Pelo titulo parece um livro "bad ass", mas o interior é muito diferente e até bastante delicado.
O autor partilha algumas histórias pessoais para fazer pontos, o que não o torna um cru livro de gestão, e ao mesmo tempo não se acanha de dizer na cara de quem lê: "se te guias por alguns destes valores és um cretino". E eu gosto muito de livros que não pedem desculpas.

Para mim na realidade é mais um livro de psicologia que outra coisa. Como gosto do tema, gostei muito do livro. E o autor ficou-me no coração, confesso. Ele tem também outro livro, que quero muito ler, e um blog.

Este livro foi o meu presente de despedida do meu antigo chefe e veio com uma dedicatória daquelas de emocionar. Não sei se ele leu o conteúdo, ou se apenas me o deu pelo titulo (que foi o que me pareceu, quando me lembrei da nossa ultima reunião). Mas quando comecei a ler, irritada com algumas pessoas com quem tenho de lidar no meu actual departamento, estava a espera de uma coisa completamente diferente. Foi surpreendente e valeu muito a leitura.
Acho que alguns títulos sabem vender, e este é um deles. Um marketing genial.

sexta-feira, 22 de maio de 2020

E ser igual à minha mãe?

Se calhar tenho só de perder o medo de ser igual à minha mãe.
Esta demonização como se todos os males do mundo tivessem sido por causa dela, já me cansa em demasia. E talvez até esteja a ser injusta! A minha mãe foi uma pessoa com uma doença mental não diagnosticada a vida inteira (até agora). Tenho tanta empatia por toda a gente e com a minha própria mãe não consigo passar além da dor e do sofrimento que ela me causou, para ter empatia por uma doença que é terrível quando não medicada.

Às vezes não me parece justo. Outras vezes não aguento toda a responsabilidade que há anos carrego nos ombros por causa dela.

Eu à partida, diria que tenho diferenças fundamentais quando me comparo com a minha mãe. Diferenças de educação, de valores, de comportamento e de auto-conhecimento. E acima de tudo medo, medo de ficar igual a ela e transformar a vida do meu filho num inferno, sem sequer perceber.
Eu conheço-me e sei quando é que as coisas não estão bem. E as coisas não estão bem! Há que tempos que eu ando em círculos com as mesmas perguntas, sem as conseguir resolver. Mantenho-me funcional, mas por dentro sei que as coisas não estão bem.

E não ter o meu pai aqui não melhorou em nada toda a situação.

Dois em três factores de risco neste momento. Dois em três!
Se isso não me assustasse é porque não os tinha no sitio.


quinta-feira, 21 de maio de 2020

Do dia de hoje

Hoje foi um dia atípico.

Desde os sonhos com tornados à volta de casa, até a minha consulta.
Foi tudo atípico.

Podia culpar tudo na morte do meu pai. Talvez até fosse mais fácil.
Mas nem tudo começou apenas há 4 meses.

Eu sabia que um dia a instabilidade ia voltar.
Hello darkeness my old friend.

Não vou ter medo. O medo é a pior coisa que eu posso ter.

Livros 2020

Amante Japonês

Não foi o meu primeiro Isabel Allende, não será com certeza o meu último.
Tem sempre uma componente história que me prende e me faz ir ao Google perguntar "isto foi verdade?". Aqui não foi excepção.
A personagem principal é complexa e misteriosa, as relações não são óbvias nem básicas. A historia paralela é arrepiante e toca em certos tópicos muito relevantes e actuais como pornografia infantil, trafico de crianças, abortos ilegais, campos concentração mascarados.

O livro teve a infelicidade de me ser emprestado numa altura em que eu lia no chão do hospital (para horror das enfermeiras). Dia após dia, a fazer companhia ao meu pai. E por isso inevitavelmente irá estar sempre ligado a esse período. Injusto. Mas a vida é assim mesmo.

quarta-feira, 20 de maio de 2020

Being thankfull

Today is a good day.
Good parenting in the morning, productive, healthy.

Today is a good day, I almost feel myself again.

Livros 2020

Colecção as 7 irmãs:

Foi discutido em conclave do grupo do livro. Já li os 3 este ano, ainda faltam 4 mas recuso-me a ler em PT-BR e não me apetece ler em inglês.
A historia que liga os livros está bem montada, tem o mistério que faz continuar a ler. Há sempre a historia da ultima irmã que aparentemente não existe, mas que sem ela a historia não faz sentido. Demorei máximo 5 dias em cada livro, o que nos dia de hoje é um recorde para mim (longe vai o tempo de ler pela noite dentro).
É de fácil leitura, não tem pensamentos elaborados nem metáforas bem feitas, e às vezes é cliché à brava. All in all é bom entertainment.






terça-feira, 19 de maio de 2020

Isso

Mentalmente sinto-me exausta.
Achava sempre engraçado quando lia isto nos livros. Eu, que me sentia exausta sempre fisicamente.
E agora é este sentimento de "não aguento". Não são nem 10h da manhã e eu já não aguento.
A única coisa que me parece possível é sentar-me a ler, sair para ir correr, meditar e ficar em silencio absoluto. Só queria tirar 2 semanas (ou talvez mesmo um mês) e ficar sozinha.
Completamente sozinha.

Sem culpa. Preciso de estar sozinha.

segunda-feira, 18 de maio de 2020

Sensibilidade e (tentativa de) bom senso

Estou sensível. Não há volta a dar.
Um dos meus colegas preferidos foi diagnosticado com cancro, grave.
Umas manchas nos pulmões, sem saber se é primário ou secundário.
Manchas. Se vos disserem que pode não ser nada estão a mentir. Na minha experiência, manchas são sempre qualquer coisa.

Ele estava calmo e incrédulo. Sente-se óptimo, ontem patinou 24km (coisas à Holandesa, não perguntem!), não percebe como é que pode ter um cancro grave. Claro que não ai deixar de trabalhar, está óptimo, não esperem que me sente no sofá à espera...
Ele nem disse à espera de quê, mas eu sabia o que é que ele queria dizer.

O meu pai também se sentia óptimo no Natal (a parte de uma má disposição atribuída ao excesso de comida). Também estava tudo bem, eram só umas manchas que provavelmente não eram nada.

O bom senso disse-me para não ligar o video na reunião. Falei em 20 segundos a tentar fazer dos meus soluços imperceptíveis e a despachar o que tinha de dizer. No limiar
entre o parecer indiferente e estar com voz de choro.

Um dos meus colegas preferidos, a pessoa que trabalha comigo à anos (mesmo quando estava no outro departamento). A pessoa que me mostrou que existia mais funções e departamentos, que me apresentou a um novo mundo. Que sempre tirou tempo para me explicar até os temas mais complexos, com paciência de Jó face a minha ignorância. A pessoa que veste fato todos os dias e trabalha afincadamente tendo sempre tempo para tudo, para quando tem férias ser à grande, pegar na mota e sair por ai.

Não faz sentido.


sábado, 16 de maio de 2020

Hoje é assim

Acordei a pensar no Natal.
Sai de casa para correr e poder chorar em paz durante 40 minutos.
A dor alheia incomoda os outros. Não é por mal, mas faz-los sofrer também.
Então para chorar, mais vale chorar sozinha. Em podendo é o que faço.
Mais do que chorar, é um uivo baixinho, um soluçar em alto. As vezes até com um gemido.
No meio do campo não chateia e ninguém pergunta

Porquê? Porque é que isto aconteceu?
Como? Como é que aconteceu sem que eu pudesse fazer nada?

Não aguento sequer o pensamento de voltar a Lisboa. Sair na rampa do aeroporto e não ter o meu pai cá em baixo a minha espera, é insuportável.

Hoje vai ser assim o dia. A chorar sobre a corrida, o almoço e o meu livro.

Não há palavras, só dor, solidão e uma sensação de abandono.

sexta-feira, 15 de maio de 2020

Hábitos

Escrever é um hábito.
Como é meditar, mexer o corpo todos os dias, beber café, fazer 16h jejum, ler mais.
Hábitos.

Como mudar hábitos é uma coisa que me tem ocupado algum tempo de pesquisa e ainda mais de execução.

Mudar todos os hábitos de uma vez, nunca resultou comigo. Aquela velha máxima que "esta segunda-feira é que é", saiu sempre furado. E como atirar muitas bolas no ar, sem preparação para as conseguir agarrar. Não resulta.

Alguns hábitos que estou a mudar há quase 10 anos:
- Alimentação saudável
- Mexer o corpo diariamente (este foi o primeiro que mudei e há bastante mais de 10 anos) 
- Aumentar a qualidade de sono.
- Meditar diariamente
- Escrever (qualquer coisa)
- Jejum
- Diminuir a minha "carbon footprint"
- Aumentar estabilidade emocional
- Ler mais
- Ter a casa mais organizada

Acho que isto é um tema relevante, ainda para mais porque olhar para trás de onde viemos e perceber o caminho é muito motivador.

Portanto vou começar a falar de hábitos (é só seguir a etiqueta).

quinta-feira, 14 de maio de 2020

Old blog


E agora temos o novo blog.

quarta-feira, 13 de maio de 2020

e agora?

O meu pai era a minha pessoa.
E agora o que é que eu faço?

Fasting

A mais de meio do meu jejum de 36h.
É difícil mais mentalmente, do que outra coisa.
E comecei com calma.
Primeiro cheguei às 16h de jejum diárias e agora comecei com esta ideia de fazer 36h de jejum um dia por semana.
Vamos ver.
Para motivação extra uso uma app para contar o tempo. Ajuda quando bate aquela fominha malandra!

E não, não é para perder peso, é só mesmo por uma questão de saúde e longevidade.
Vou falar mais sobre este tópico mais para a frente.

terça-feira, 12 de maio de 2020

Criatividade

- Podia-te dizer que tudo se tinha passado rápido demais, que tinha sido um impulso, um desejo  passageiro, mas a verdade não é essa, nunca fui pessoa de impulsos, sempre tive a minha lição mais do que estudada. Não foram faiscas e relâmpagos, construiu-se lenta, vagarosamente, um dia depois do outro, sem se apressar. Conversa após conversa, um estar só porque sim, um olhar seguido do outro, obscuro sob a capa de normalidade que mostrávamos perante  aquele mundo sempre tão atento. Não havia transgressão, não havia pecado - importantíssimo para quem nisso acredita -, estava tudo correcto e esteve, até deixar de o estar.
Um dia, mentiria-te se dissesse malfadado, sob outras diversas mascaras que pomos para fingir que não somos a pessoa que tanto queremos ser, a oportunidade apareceu, os astros alinharam-se e empurraram-nos para  uma situação da qual não quisemos sair.
As questões que estiveram presentes durante todos aqueles meses de aparente inocência, lá continuavam, a minha educação nortenha recta aborrecia-me muito mais do que o discurso do "pecado" que as freiras que viviam comigo permanentemente me davam, mas tinha acontecido e não podia, e sinceramente nem eu queria, que fosse apagado ou esquecido.
Por isso chegou o dia dos pratos limpos, da conversa, o dia em que tinha planeado dizer-lhe que não éramos estas pessoas, que tínhamos de esperar por um futuro que podia ou não acontecer, atirar os dados ao ar e aguardar o resultado. Nesse dia ia-lhe dizer que não éramos essas pessoas, que havia demasiado em jogo, que a linha que não podia ser cruzada era esta, estava já aqui. Queria alegar que uma relação que começa assim não podia acabar bem, que não era justo para a beleza do que sentíamos um pelo outro e que acima de tudo, não podia fazer sentido neste momento. Como alternativa, a partir desse dia, ficaríamos na vida um do outro como conhecidos, encontrar-nos-íamos casualmente na rua e viveríamos separados por esta aparente normalidade. Tinha tudo ensaiado, pronto debaixo da língua, e estava em paz com essa decisão, muito mais em paz do que com as suas alternativas: ser a outra por tempo  indeterminado ou virar a minha vida toda do avesso e fugir com ele, um marido, pai que iria abandonar uma filha de meses. E com isto em mente, sentei-me naquele cruzamento e esperei que ele aparecesse.

- E depois avó, o que é que aconteceu?

- Depois ele apareceu. Saiu do carro e sem dizer uma palavra, beijou-me. Não consegui dizer nada do que tinha preparado, nem uma palavra. Entrei no carro e fugimos. E tudo aquilo que eu sabia que ia acontecer, aconteceu. Demorou anos, mas destruímos toda a beleza do que sentíamos um pelo outro com a pressão do que tínhamos deixado para trás. Foi tudo demasiado grave, sério e sofrido para todos os intervenientes da historia, para algo bonito poder sobreviver. Fizemos dos nossos filhos danos colaterais de um amor que devia ter sido evitado. E pior, no final percebi que o teu avô era essa pessoa, sempre foi, eu é que não quis ver porque assim que o visse teria de assumir que eu também o era.

Rascunhos

Tenho tantos rascunhos para publicar ao longo dos últimos anos.

Já não quero saber de nada, muito menos do que vão achar dos meus textos.
Na realidade o meu pai morreu e por isso nada mais importa.

Sabe a liberdade. E teve um preço enorme que eu preferia não ter de pagar.
Mas já que tenho...

Sun therapy

A ideia do meu marido quando o meu pai morreu, foi tirar-me de casa e do frio que ainda assistia este pais pequeno de norte da Europa em principio de Março.
Ir duas semanas para um qualquer sitio quente, fazer nada excepto banhos de mar, meditar, passear e estar com o Manuel (depois das 3 semanas que fiquei longe dele em Portugal).
Uma ideia que o Corona achou óptima de contrariar.
Cancelamos a viagem por tempo indeterminado e começamos agora outra vez a sonhar.
Deus sabe com eu preciso de sun therapy, ar fresco e água salgada.

Ontem marcamos. Porque não viver "perigosamente"?

Talvez voltemos todos para casa enclausurados, talvez fechem o pais, talvez teremos de cancelar mais uma vez esta viagem, mas por agora? Por agora sonhamos.

sábado, 9 de maio de 2020

Dor

E quando eu digo "como é que isto aconteceu?", tu encolhes os ombros.
E quando eu digo "eu avisei-te tantas vezes, porque é que nunca me ouviste", tu dizes "eu sei, tens razão".
E quando eu digo "não aguento mais esta dor", tu dizes "aguentas sim, porque eu não te eduquei de outra maneira".
E quando eu digo "como é que vou viver resto da vida sem ti?", tu dizes "não vais, porque eu estou aqui contigo, sempre". Mas não é a mesma coisa.
E quando eu digo "e agora? estou sozinha, como é que me deixas-te sozinha", tu dizes "não estás, nunca estiveste".
Estás aqui (eu sei que sim) e não estas aqui. 
Estou cansada de chorar.

quinta-feira, 7 de maio de 2020

Again

I am down to the rabbit whole

Thanks Alice.

domingo, 3 de maio de 2020

Sempre as frases

“Death scares us. And because it scares us, we avoid thinking about it, talking about it, sometimes even acknowledging it, even when it’s happening to someone close to us. Yet, in a bizarre, backwards way, death is the light by which the shadow of all of life’s meaning is measured. Without death, everything would feel inconsequential, all experience arbitrary, all metrics and values suddenly zero”

in The subtle art of not giving a fuck by Mark Manson

Ler tem-me mantido (mais ou menos) sã.

Maio 2020

Primeiro post de 2020 e estamos em Maio.
Não num Maio qualquer mas em Maio de 2020.
2020 o ano que finalmente foi pior que 2010, e eu que achei que não haveria um ano pior que 2010. Ingénua.

2020 começou mal e não melhorou. Alias, duvido que vá melhorar, pelo simples facto que 2020 foi o ano em que o meu pai morreu. Inesperadamente, sem retorno, sem tempo, sem eu saber como. Morreu simplesmente.
Portanto, a meu ver, 2020 pode acabar já, porque eu só sobrevivo dia após dia. Todos os dias penso que é hoje, é hoje que vai melhorar, que me vou levantar bem e conseguir viver o dia. 
E o grande buraco negro que se abriu dentro de mim engole tudo. Todos os meus pensamentos, sentimentos, emoções entram lá dentro e giram sem parar. Centrifugam descontroladamente e não consigo encontrar o lugar deles. 

Sinto-me à deriva.