sexta-feira, 24 de maio de 2013

Mais sobre mim

Acho que nunca vos contei isto, mas a primeira vez que pensei em sair de casa tinha 12 anos de idade. Percebi rapidamente, depois de bater com a porta e de ficar umas horas a vaguear que até aos 18 não tinha hipótese. Se estava tudo mal como estava, se saísse ia ficar pior. E portanto cada vez que aqui a mãe da rebelde se passava, o pensamento era sempre o mesmo: "é só até aos 18".
E os 18 chegaram, esperados ansiosamente, o dia que tudo iria mudar. Contudo, acordei no dia 1 de Novembro exactamente na mesma, apenas com uma dor de cabeça maior, vinda da noite anterior. Na discussão a seguir percebi, do alto da minha maturidade que até acabar o curso ia ter de me aguentar. Sair de casa implicava arranjar um emprego, dividir casa, deixar de sair à noite...não, não, não. Era demasiado comodista e preguiçosa para isso.
Finalmente acabei o curso e comecei a trabalhar. O momento que sempre tinha esperado, a independência. Peguei no meu ficheiro de excel e percebi que, ou curtia estoirar os meus ordenados em viagens, roupa e noites, ou saía de casa. As duas coisas não ia dar. Então tomei a minha ultima grande resolução sobre este assunto, back in 2006, irei sair de casa quando conseguir pelo menos manter, ou melhorar a minha qualidade de vida. E assim, apenas no final de 2009, consegui alugar o meu mini apartamento e ir morar sozinha, contra a vontade de todos. Sempre fui a rebelde, nem quis saber.
Parecendo que esta historia não tem uma moral, tem.
Eu só me desespero, mas sou demasiado racional e esperta para perder a cabeça. Sei o que é melhor para mim (sempre soube) e aguento-me. E muitas vezes, quanto mais me chateiam mais eu me sorriu (essa aprendi desde os 8 anos). 
E claro que podia ter corrido mal, a minha mãe podia ter-se passado, numa das muitas vezes em que eu lhe disse "sim mãe" e só fiz o que me apeteceu, ignorando-a, fazendo as minhas obrigações apenas e nada mais. E se assim fosse eu teria de ter tomado medidas, querendo ou não. Na rua não iria ficar certamente.
Mas ela nunca o fez, por falta de coragem ou porque sabia que assim que eu quisesse podia ser a melhor.
E no final eu acabei por sair (melhorando em muito a nossa relação), quando pude e quis, quando foi melhor para mim, sem pressas, discussões, nem arrufos.
Por isso é que sou como sou, joguei esse jogo durante demasiados anos, a certa altura não me consigo sequer importar, mesmo que queira. Pontualmente irrita-me, finjo que não, segue para a frente.
Aconteça o que acontecer eu tenho sorte na vida, sempre tive, faço a minha sorte e também sei que às vezes brinco com ela. Mas vivo como quero e só dou importância a quem a tem.

1 comentário:

  1. Este post é-me familiar. Tem algumas parecenças com a minha vida, no entanto tem também algumas diferenças!
    é bom saber que deste a volta por cima e que hoje estás bem com as tuas decisões :))

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