domingo, 7 de janeiro de 2018

Cova da Loba


Vir para o interior 2 a 3 vezes por ano é para mim, neste momento, tão certo como o sol nascer todos os dias.
E se no Verão é tudo diversão, calor, passeios depois do jantar, feiras e bailaricos, no Inverno é frio, nevoeiro e extremamente chuvoso.
Por isso, este Inverno decidimos não ficar só a lareira a comer, beber e ver filmes, mas sair por aí e experimentar os melhores restaurantes das redondezas.
Cova da Loba em Linhares. 
Em frente à igreja matriz, ao lado do castelo, com uma vista arrebatadora. 
O restaurante não tem janelas, e esse é talvez o único ponto menos bom, para fãs de sol como eu. Resolvido pelo facto de ter ido ao jantar.
O restaurante para mim é um 5 em 5. 
O serviço é atencioso e gentil sem ser aborrecido ou intrusivo. 
O tempo de espera entre partos é perfeito para deixar a conversa fluir.
A comida é deliciosamente bem confecionada, os ingredientes no prato fazem sentido juntos, todos os elementos tem a sua função. A comida não aborrece e não pede por ingredientes que não estejam lá. 
Iniciamos com um queijo de cabra com frutos vermelhos e um prato de alheira bom demais para descrever.
Continuamos com polvo acompanhado de migas, numa mistura de Interior e Alentejo e vitela com batata, feijão verde e um toque de queijo da serra, porque afinal Linhares fica na Serra.
Em termos de doces não inventamos, leite creme (para mim quase obrigatório experimentar em todo o lado em que haja) e folhado de requeijão com doce de abóbora. No que diz respeito aos doces, á parte da típica adição de canela, que para mim só estraga (sentimento não partilhado com 90% da população e por isso nem é um ponto negativo), o folhado. Este não sendo feito na hora é por isso mais massudo do que o que seria desejável, é o único reparo feito a toda a refeição.
A garrafeira é generosa e variada. Optamos por um Douro, Dona Berta tinto cão monocasta, porque no interior come-se carne (apesar no prato de polvo que ter estado mais do que á altura). E posso-vos dizer que uma garrafa não foi demais. Além de ter emparelhado maravilhosamente com todos os pratos, era suave e forte simultaneamente, bebia-se desacompanhado da comida sem pestanejar.
A localização já vos falei, e faz parte da experiência, porque a comida faz sentido com o local.
O espaço estava cheio (todas as mesas ocupadas), mas sem se tornar ensurdecedor. Conseguimos conversar calmamente durante todo o jantar ao som de Michael Bubble - talvez a segunda crítica (se assim lhe podemos chamar) ao restaurante.
O dono foi de uma simpatia sem tamanho, e não só. Como eu esperaria depois de uma refeição como a que tive, porque afinal os ótimos restaurantes não caem do céu, são criados e aperfeiçoados com o tempo, ele perguntou a nossa opinião sobre a refeição. E nós, porque procurar bons sítios para manjar faz parte da nossa lista de hobbies, fomos 100% sinceros relativamente ao único ponto, o folhado!
E por fim, aquilo que todos se devem estar a perguntar...e o preço? Na minha opinião dinheiro dado sem pestanejar, aproximadamente 40€ por pessoa. Já dei mais por muito pior comida, posso-vos dizer - nem vou começar a falar dos restaurantes em Amesterdão, mas um dia conto-vos.

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