Não tenho culpa de ser como sou, de sentir como sinto.
Sinto. E depois coloco o meu manto de gelo e decido que se eu sinto, os outros também sentirão.
Se me doí, também irá doer a quem me fez deu esta dor.
Muitas vezes resultou, outras vezes apenas me magoou mais.
Quando são imunes á minha ira é porque não sentem, e se não sentem eu depois também não quero sentir. Demora tempo, foi sempre triste sentir por quem não sentiu.
E eu sinto muito, até ao dia, há um dia que acordo e nunca mais sinto nada. Sempre fui assim. Parto e não olho para trás. Há quem diga que é sem dó nem piedade, quem ache que eu era capaz de passar pelo corpo a rastejar e fingir que não estou a ver. Se não sinto, não me mexo. Talvez!
O que é certo é que não gosto de ver o meu sentir a ir, tenho pena por ele, porque eu quando sinto, sinto tanto. Gosto tanto, faço tanto, sacrifico tanto. E quando acaba, é como arrancar a fita cola. Nunca mais cola bem outra vez.
Mas há excepções em que não sei se consigo partir sem olhar para trás. E não é por mim, e por eles. Porque os tolos são tolos e não sabem que o são, mas eu sei. Eu sei que os tolos, serão para sempre tolos e ainda pior que isso se eu jurar nunca mais me preocupar. Sei, mas por enquanto preciso de não me importar. Quanto mais me importo mais exposta fico, e quanto mais exposta mais me magoam. Também aprendi isso cedo. Se nunca sentires, nunca doí, nunca arde nos olhos.
Infelizmente, ou não, eu fui feita para sentir. Não suporto a minha vida dia após dia, anestesiada, apesar de adorar os meus pequenos momentos de dormência.
Um dia é de quem doí, outro de quem faz doer.
Hoje o dia é meu. E porque eu sou boazinha, é a semana, ou mês, não me interessa mais.
Não me merecem, eu bem sei, é só pena que tenha de relembra-los disso da pior maneira. Mas se eu chorei, eles também vão chorar. Não tenho culpa se ser como sou.
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