Falado na primeira pessoa, ler este livro é quase como ter o Anthony Bourdain a falar-nos ao ouvido.
E aquilo que ele contou não foi uma bonita surpresa. Para mim foi mesmo um balde de água fria no romance que era na minha cabeça ser chefe de cozinha.
E disse-me mais sobre o Anthony do que sobre a cozinha, na realidade.
Para mim o livro não é sobre o mundo da culinária, mas sobre o próprio Anthony. Uma espécie de biografia disfarçada, misturada com muito palavrão e umas tanta revelações sobre cozinhas profissionais. Mas foi a parte do próprio Anthony, que mais me impressionou. O resto foi gossip, diz que disse e bom senso. Tinha uma ideia romantizada sobre quão boémio ele era e na realidade a linha entre boémio e um simples toxicodependente é muito ténue.
Percebi que gostamos muito dos Anthony's (ou dos Johnny Depp's) desta vida, porque eles são boémios e riem-se face ao perigo, mas que na realidade eles são só toxicodependentes funcionais. Tem a sorte de ter um dom (ou uns pais que pagaram muito para formar esse dom), e que é esse dom os separa dos demais toxicodependentes que vemos por ai numa qualquer esquina.
Foi um livro que me deu que pensar, apesar de não ser um tema (a vida secreta das cozinha profissionais) que há partida me interessasse. Foi mais uma leitura de entrelinhas que o tornou interessante.
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