segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Isso



Mas é tão difícil. Não herdei de todo a fé inesgotável da minha avó.
Ela nunca duvidava que ia correr tudo bem, nunca, nem por um segundo. Era abençoada pela sorte, dizia ela. 
E eu, quando olho para trás também acho que sou abençoada pela sorte, mas hoje, aqui, agora, tenho medo. Não por mim, há muito que deixei de ter medo, eu aguento o que vier, mais lagrima menos lágrima, mas pelo meu irmão?
Tenho medo por ele, que ele não consiga, que não dê a volta, que não se descole da infância e do peso que a nossa mãe exerce, que não cresça para ser o homem que eu gostava que ele fosse, recto, trabalhador, forte. Tenho medo de o ter protegido demais, apesar de me alegrar que ele tenha tantas, e talvez apenas, memórias felizes da infância. Mas agora é hora de crescer, e eu estou pronta para o deixar esfolar os joelhos, mas ele não quer. 
Há muito tempo que não me deito e adormeço em 5 minutos. Tenho sempre que meditar, pensar que não posso pensar e só depois consigo começar a adormecer.
Será que quando forem os meus filhos também vou ter estas dúvidas? Ou terei mais certezas?
Acreditar que vai correr bem é melhor, mas é tão difícil.

1 comentário:

  1. É muito chato quando se está longe e os problemas arranjam forma de atravessar a distância e continuarem a massacrar.

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