Ainda agora começei a ler e já estou a adorar!!
Fiz. Fui a jogo. Não me lembro, até hoje, de uma vez que não tenha ido...
Mas não o conseguiria descrever desta maneira, eu acho.
Em todos os dias que se seguiam, o som daquela voz ecoava como uma certeza. A fé, de alguém que não nos conhece, faz mover as montanhas mais altas da nossa essência. Um dia acordei, vesti-me bonita, pintei-me e de frente para um enorme espelho, fiz o telefonema. Entregando o coração, com as duas mãos e ainda a pulsar, de ansiedade, esperança, certeza. Mas entregando. Sei que muitas vezes escondemos as nossas fragilidades atrás de uma postura forte, quando, na verdade, essa é a apoteose da cobardia. Somos assim uns falsos corajosos, cheios de medo. Eu não sei viver assim. Eu vivo na verdade, no coração, no amor. Também eu, como Graciliano Ramos, "Comovo-me em excesso, por natureza e por ofício. Acho medonho alguém viver sem paixões." Quando entregamos a nossa fragilidade, expondo o nosso coração por inteiro, adquirimos o verdadeiro poder. O poder de sermos inteiros e prontos, correndo o maravilhoso risco de ser feliz. O que quer que resulte daquele telefonema, já não tem a força maior de me petrificar de medo, mas o contrário: permitiu-me resgatar um poder de dentro de mim, o poder de ser e me libertar. Fiz. Fui a jogo. E isso, ninguém podia fazer por mim. Posso vir a ser muito feliz, posso vir a chorar, mas desde o primeiro instante que isso significa que estou viva, como me diria Pasternak ao sair de casa - "Viva. E só viva até ao fim." Na Vida e no Coração. E isso, ninguém me pode tirar.
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