quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Leveza

Fascina-me o quanto algumas pessoas levam bem algumas coisas, e outras pessoas apenas andam sempre com o mundo ás costas.
Nestes últimos dias descobri mais sobre o mundo chato da hemodiálise, e descobri ainda mais sobre a maneira como encarar problemas de saúde graves.
Ter de ficar preso a uma maquina três vezes por semana durante 6h, com os braços em estado lastimável, um controlo absoluto e obrigatório de tudo o que entra pela boca e uma gestão constante deste equilíbrio entre o que entra e que sai, faria crer que o balanço com que levamos os dias iria pender, sem sombra de duvidas, mas o fundo do poço em matéria de humor e boa disposição. Mas, como pude verificar, não para algumas pessoas!

Algumas pessoas simplesmente aceitam as coisas más, gerem o dia-a-dia sem se revoltarem constantemente com os porquês, levam a vida como se coisas que os limitam não fossem nada, fossem apenas um contratempo, uma fila de transito, um pneu furado. De tal maneira que aos outros, aos que vêem de longe, até parece simples, nada de especial, um problema corriqueiro.

Enquanto isso, alguns outros de nós, com coisas facilmente resolvíveis, nos limitados a abanar os braços em desespero, a manter permanentemente a cara de frete, de "esta vida não é fácil", "não gosto do meu emprego", "tu não tens noção o trabalho que isto dá"... costas curvadas, ombros descaídos, olhar soturno e semblante carregado.

Até me dá vontade de rir quando penso no quanto somos nós, e apenas nós que transformamos as coisas naquilo que queremos. Enquanto, por este mundo a fora, uns transformam problemas sérios em trivialidades, outros passam a vida nesta competição de misérias, que nada mais são que banalidades.

Estes últimos dias foram inspiradores por isso mesmo. Por ter visto com os meus próprios olhos que uma coisa tão má, numa idade tão jovem (a minha, afinal de contas) não é final do mundo, nem pode manchar tudo o resto à volta.

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