quinta-feira, 7 de abril de 2011

Viagens noutros blogs #46


Porque só quem aqui esteve um dia é que sabe.

Porque não admito, nem aceito, que quem nunca passou por isto me julgue ou me diga o que eu posso ou não sentir, o que eu devia ou não devia.

Porque não entendo como é que acabamos por nos voltar a meter aqui depois da primeira vez, quando já devíamos saber melhor, mas ao mesmo tempo não entendo também quem não o faz.

Porque essa fase já passou e as feridas já não estão abertas (mesmo que ainda doa às vezes).

Porque vejo o longe que cheguei, o quanto é que cresci e a pessoa que já não sou e como isso é bom e mau ao mesmo tempo.

Porque nada é preto e branco, a vida é cheia de áreas cinzentas que eu desconhecia, e o amor? O amor é completamente imprevisivel, porque se eu pudesse ter previsto, não tinha acontecido (desta maneira pelo menos).

Porque me devia ter vindo embora ao primeiro defeito, e não esperar para ver o segundo, o terceiro e o quarto a achar que algum deles me ia fazer recuar miraculosamente.

Porque demorei 7 anos a recompor-me do primeiro e de repente bastou-me um sorriso.

Porque hoje é só para relembrar, não quero demorar 7 anos a recompor-me, mas não vou voltar a apaixonar-me assim. Não sem garantias, nunca mais.


És feliz? Não, não estou feliz. Tenho um peso enorme que não quer sair, tenho o corpo todo a doer e o coração a palpitar. Tenho crises incessantes de não querer sair e de não querer falar. Chega o final do dia e dou voltas e mais voltas para não ter de voltar a casa, tenho medo de entrar em casa. Não tenho vontade de comer, nada me sabe a comida. Mais dia menos dia não vou aguentar a quantidade de cafés que ando a tomar Mais dia menos dia caio para o lado de cansaço. De manha obrigo o meu corpo a sair da cama,de noite insisto para que a minha cabeça encaixe na almofada. Se pudesse, se me deixassem, acho que saía de manha para trabalhar e chegava a casa ao final da tarde e enfiava-me na cama para acordar outra vez no dia seguinte. E fazia disto a minha vida, 5 dias por semana. Mas ainda tenho pessoas mais sãs do que eu que não me deixam ser assim. Tenho de ser mãe, tenho de ser filha, tenho de ser estudante e trabalhadora, tenho de ser responsável, tenho de ser adulta. Resta-me pouca margem de manobra para ser eu, só eu, e desvairar por completo, deixar tudo e ir para longe daqui uns dias, só uns dias para lamber as feridas e cicatriza-las e para me encontrar novamente porque sinto-me um bocadinho perdida. Perdi-me outra vez, mais uma, porque não consegui separar as coisas, porque criei demasiada dependência de uma pessoa que não existia a não ser na minha cabeça. E agora falta-me, agora persegue-me os pensamentos, prendeu-me a vontade de ser eu. Deixou-me bastante pior do que quando me encontrou. Porque mesmo sem prometer nada deu-me coisas mais importantes: vontade de sorrir.


P.S: Sou feliz, hoje. Ou tenho andado feliz pelo menos. Não preciso de ninguém, I'm alone again and that's just fine.

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