segunda-feira, 4 de outubro de 2010

A treva de hoje


O dia chegou finalmente ao fim. Desde que acordei que estou a desejar que ele acabe.

A minha vida é pesada, intensa, difícil, sempre foi. Trago pessoas na mochila, que já cá estão e que são minha responsabilidade e vão ser sempre. A maioria dos dias eu sou só uma pós adolescente (ainda não me considero adulta, desculpem) normal, que trabalha, sai com os amigos e está com a família. Mas depois há os dias em que eu sou uma pessoa diferente, em que tenho de fazer de mãe de todos, tratar de coisas e resolver assuntos que os meus amigos não tem.

Nesses dias eu ponho a minha pose fria e impenetrável. Não choro, não falo, não sinto - pelo menos até estar tudo resolvido e toda gente bem outra vez. Hoje foi um desses dias, com apenas uma diferença, hoje pela primeira vez eu gostava de ter alguém a minha espera quando chegasse a casa. Alguém só para me pegar ao colo e me dizer que está tudo bem e que vai ficar tudo bem (mesmo que seja mentira), para me deixar chorar o que eu contive o dia inteiro e ficar a dar-me festinhas em silencio. Acho que nunca tinha sentido esta necessidade tão real como hoje... I'm getting soft...

Claro que o meu pai está sempre aqui, como um pêndulo a dar-me equilíbrio. A dizer-me o que eu devo fazer na hora certa, quando eu fico tão atónita que parece que estou a olhar para as situações de cima e só me apetece fechar os olhos e que tudo desapareça à minha volta.
O meu pai vai ter de viver para sempre, eu não consigo fazer isto sem ele.

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