quarta-feira, 20 de outubro de 2010

F.


Não posso dizer que éramos amigos, nem tão pouco falávamos frequentemente alias, a ultima vez que nos vimos foi há quase um ano (mais coisa menos coisa, ou talvez muito mais), numa qualquer noite por Lisboa. Conversa fácil, ponto de situação em linhas gerais do que é que se andava a fazer por este mundo, despedida leve do vamo-nos vendo por ai. Não éramos amigos, mas durante um tempo específico estiveste aqui diariamente.

Das fotos que ficaram daquela altura, das vivências, das viagens de ano, olimpíadas, intervalos, excertos de conversas e muitas risadas, ficou aquele carinho que guardamos às pessoas que fizeram parte da nossa vida e das quais nos afastamos, por uma razão ou por outra. Talvez tenha sido por isso que hoje, quando a K. me ligou, por um segundo foi como se o mundo tivesse parado. Ontem estavas aqui e hoje já não estás! Ontem mandei-te um e-mail a pedir para me adicionares no msn e hoje já não estás aqui.

É tão estranho! Tão estranho de pensar como nos pode acontecer tão depressa…agora estamos aqui, agora já não estamos.

E não me vou por com clichés fáceis sobre o aproveitar enquanto estamos vivos, ou o sentido da vida. Eu aproveito tudo, pecando muitas vezes por querer as coisas rápido demais, se vocês que estão a ler não o fazem está na altura de começar, agora.

Para mim é simplesmente algo superior a nós, que eu não gosto de pensar.
Quem me conhece sabe que, dos meus piores medos, um é esse. Não de morrer, porque disso não tenho medo nenhum, mas de perder as minhas pessoas. De um dia acordar de manhã e elas não estarem aqui, do acabar do meu mundo como eu o conheço e o começar de qualquer coisa a faltar-me à partida um bocado.
Não quero pensar…

Por agora, fica simplesmente um beijinho e um adeus.

1 comentário:

  1. ainda estou em choque, estamos todos em choque. Das conversas fáceis, dos encontros casuais, da ultima vez que o vi e que falamos de futilidade, isso nunca mais aconetcerá. É o "nunca" que nos deixa impotentes. Uma pessoa que facilitava, de riso fácil, sempre com a piada na ponta da lígua. Arriscou, seguiu o seu sonhos. Deixou os estudos e dedicou-se naquilo que mais gostava. Teve valor. Muito. Enquanto cavaleiro. Enquanto pessoa. Especialmente, enquanto pessoa. Pela forma fácil, como vivia a sua vida. Longe de complicações. Um beijinho e um adeus, é suficiente. Mas um beijinho e um até um dia é mais apropriado. A facilidade com que lhe aconteceu, na forma que aconteceu, é chocante. Mas não nos podemos esquecer, nunca, que e como tu dizes muito, hoje estamos cá mas amanha podemos não estar. As coisas acontecem sempre demasiado depressa e de forma mais improvavel que esperamos.

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