quarta-feira, 2 de maio de 2012

Viagens noutros blogs #106

mas afinal, não somos a mesma?
entrei em modo de guerra comigo mesma. duas pessoas distintas que no fundo são a mesma, é a melhor definição que encontro para mim, não sou apenas uma, mas sim duas que tão bem se conhecem e chocam. chocam constantemente. são pessoas diferentes com idealismos e crenças diferentes embutidas no mesmo corpo e por isso chocam e entram em guerra como quem come pipocas quando vai ao cinema, parece natural, mas no fundo é simplesmente estranho, e esta sou eu novamente, naturalmente estranha. estranha aos meus olhos e a todos os meus sentidos. os pensamentos disparados à queima-roupa pelas duas, encontram-se misturam-se envolvem-se num todo que forma um turbilhão vazio de coisas estranhas, sobre as quais não lhes acho ordem alguma. é estranho, eu sei, melhor nós sabemos e não há nada que possamos fazer, se não continuar a viver sobrevivendo neste mesmo corpo que já nada quer connosco. ele está farto e cansado, arrasta-se para trás e para a frente esquecendo-se do propósito para que o faz, mas faz e nós sorrimos uma à outra, mesmo em posição de ataque-defesa sorrimos um sorriso amarelo e tentamos enganar-nos a nós mesmas que está tudo bem quando não está. quando uma quer e a outra não, mas afinal não somos a mesma? não passa de uma pergunta sem resposta e esta sou novamente eu, uma pergunta sem uma resposta logicamente possível. sou apenas duas metades de mim, sim é isso. algo difícil de compreender e interiorizar, mas depois de todo este tempo a pensar e repensar no que sou, interiorizei isso. obriguei-me a saber o que sou, duas metades de mim, cada uma delas tão abstracta como um quadro com mais de mil leituras, mais de mil significados possíveis e nenhum deles absoluto. não sou maleável como a plasticina, mas sofro uma metamorfose directa e constante. não dou por ela, na verdade, às vezes, não dou por muita coisa que acontece ao meu redor, outras vezes, dou por todas, todas as palavras são ouvidas e os micro-movimentos assimilados. um em mil, são os dias em que isto acontece, mas quando acontece é um lavar de tudo e voltar a sobrecarregar o cá dentro novamente com coisas que mais ninguém vê ou repara. eu reparo, melhor nós reparamos, e somos uma só quando isto acontece, um em mil, apenas um em cada mil dias baixamos os braços e damos as mãos e sentimos com a mesma intensidade tudo o que nos rodeia, um em cada mil dias sorrimos e damos gargalhadas uma para a outra, ou melhor para mim mesma, afinal um em cada mil dias somos simplesmente a mesma.

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