sexta-feira, 18 de novembro de 2016

2016

Nunca em nenhum outro ano escrevi tão pouco como neste.

Em conversa com as minhas irmãs, tento perceber porque é que graças a Deus 2016 está a acabar. E elas respondem-me coisas como, chumbei o ano, morreu Prince/David/Alan, o Donald ganhou e eu penso "I don't give a damn about then".

Então porque é que 2016 foi um ano tão difícil? Um ano que se arrastou, um ano em que nem nas férias consegui desligar, um ano cansativo?

E a resposta é mais simples do que parece, e tão mais pessoal do que simplesmente algumas pessoas que admirava terem morrido. 2016 foi difícil porque 2016 foi o ano em que decidi colocar o meu irmão no colégio interno. E esse facto mudou o meu ano.

As noites sem dormir a pesar prós e contras, os relatórios das notas que suportavam a minha decisão, a imaturidade dele junto com a recusa em crescer, a responsabilidade da decisão. Sim, responsabilidade minha e de mais ninguém, apesar de como todos me dizem ele ser apenas o meu irmão.

Eu sou responsável pelo crescimento dele, pelo futuro dele, por aquilo que ele se tornar como pessoa. E não sou responsável porque quero ser, sou por assumi que iria ser, porque alguém tem de ser, porque desresponsabilizarmos-nos é muito mais fácil do que matar a cabeça a pensar o que podemos fazer mais com o que temos, dia após dia, ano após ano, e no meu caso há distancia.

E neste momento, apesar de as notas ainda deixarem muito a desejar, acho que pelo menos em termos do desenvolvimento dele como pessoa, alguma coisa tenho feito certo (com a ajuda de quem lá está, obviamente, todos os dias e em quem confio plenamente).
Enche-me de orgulho cada que vez que me diz "meti-me em sarilhos porque fui a ajudar um amigo a quem estavam a bater" ou "meti-me em sarilhos porque defendi uma colega com uma cor de pele diferente quando um outro colega teceu comentários racistas". Nem sei dizer quanto orgulho tenho nele quando coisas destas acontecem, quando percebo que ele é a pessoa que eu queria que ele fosse, bom colega, companheiro, sem medo de ir contra os outros se acha que as coisas estão erradas, corajoso muitas vezes, apesar de ter medo de tudo.

2016 foi difícil, porque muitas vezes fazer a coisa certa é difícil, muito mais difícil do que deixar andar. E com tua a sua dificuldade 2016 está a tornar-se num ano memorável, porque felizmente é preciso muito pouco para me fazer feliz, mas é preciso tanto, mas tanto para derrotar o meu otimismo.

Bom resto de 2016. O meu melhora by the week!